terça-feira, 17 de novembro de 2009

Ouro verde da Umbria



O mês de novembro é o momento do ano em que damos definitivamente adeusinho aos dias de temperatura decente e tiramos dos armários os casacões que havíamos guardado no maleiro no mês de maio. Os dias ficam radicalmente mais curtos e as árvores acham melhor liberar-se das folhas, por uma questão de economia. Mas mesmo sendo um pré-aviso do frio e da escuridão, é um período muito bonito! Antes de caírem, as folhas assumem uma cor amarela outonal que dura poucos dias e nos chama a atenção para não deixarmos de apreciar mais este espetáculo efêmero da natureza. ( este é o meu quarto outono aqui e só agora consegui fotografar em tempo!)


O mês de novembro é também o período do ano no qual a Umbria se mobiliza para fazer a colheita de um dos seus mais característicos produtos: a azeitona.


É muito comum encontrar pelo menos uma oliveira plantada no jardim das casas. Mesmo dentro dos apartamentos as pessoas cultivam vasos com oliveiras em miniatura.

As estradinhas da periferia das cidades - incluindo Perugia que é a capital - são margeadas com plantações belíssimas, muito bem cuidadas, na maior parte sem cercas ou qualquer tipo de proteção, o que deixa transparecer o zelo e o respeito por este tipo de cultivo. A presença das oliveiras na Umbria tem uma origem muito antiga, e por isso desenvolveram-se algumas espécies autóctones que continuam restritas a essa região.


O melhor azeite é aquele recém-extraído dos frutos colhidos nessa época, o chamado "olio nuovo" que contém o aroma e o sabor característicos do lugar de produção, qualidades que se perdem com o passar do tempo. Neste mês existe a possibilidade de visitar os locais de produção do azeite porque os produtores abrem as portas das suas propriedades para fazer demonstrações dos métodos tradicionais de extração do óleo e assim os visitantes podem saboreá-lo em todo o seu frescor. Isto é o que eles chamam aqui de percurso" dei frantoi aperti".


A qualidade do produto é realmente excelente e muitos recebem a marca DOP- Denominação de Origem Protegida- que é um selo conferido a alguns produtos italianos que mantém um alto padrão de qualidade na produção e elaboração do produto, conservando e exaltando as particularidades inerentes à zona de origem.

Um costume alimentar que nós acabamos adotando aqui é o de comer uma bela fatia de pão assado no forno a lenha - que tem a casca muito dura e é bem macio dentro- regado com uma bela dose de azeite. Para dizer a verdade, o azeite é uma das coisas que mais nos conquistou aqui na Umbria, e já posso dizer que seria difícil viver sem ele. O lado bom de tudo isso é que além de ser gostoso e saudável, não custa muito, varia entre 4 e 8 euros o litro.


A simpática cidadezinha de Trevi no mês de novembro é a sede do Festivol que é o centro das comemorações do setor do azeite de oliva da Umbria com diversas atividades interessantes, como passeios, visitas, exposições e espetáculos musicais, além, é claro, da degustação de deliciosos pratos típicos.

Uma coisa curiosa que acontece por aqui é que muitas pessoas cujas famílias têm uma propriedade com oliveiras pedem licença no trabalho ou mesmo saem de férias neste mês para poderem ajudar na colheita. Depois, quando voltam ao trabalho, vendem litros de óleo fresquinho aos colegas. Che roba!


Para saber mais sobre o assunto, eu recomendo este site:http://www.festivol.it/

Seus comentários são sempre bem vindos!

Um abraço!