segunda-feira, 28 de setembro de 2009

De quem são estes óculos?

Ontem, domingo à tarde saí com minha filha para fazer uma caminhada pela nossa estradinha preferida que atravessa a "campagna" ( que no Brasil a gente chama de roça), onde cultivam uva, azeitona, milho e grãos. É muito bonita porque liga a nossa cidadezinha a Assisi que fica bem no alto, e com a luz do entardecer parece um cartão postal. Bem na frente de casa, pregado em uma árvore, tinha esse recado: de quem sao estes óculos? A pessoa que fez foi muito cuidadosa, fixou tudo com taxinhas e colocou uma fita toda colorida pra chamar a atenção.


Quando eu vi esse recado, senti uma coisa muito boa, uma sensação de cuidado e consideração que um desconhecido estava dedicando a outro desconhecido simplesmente por achar que era a coisa melhor a fazer. Parti para a caminhada com o coração mais feliz e gostaria de dividir com vocês.

Bom início de semana!!!


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Selinho de presente




Recebi este selinho da Juliana do blog http://historianaitalia.blogspot.com/ e fiquei muito feliz! É
muito bom estar em contato com esta brava gente brasileira espalhada pelo mundo que dá um colorido diferente para cada lugar que passa. Através do selinho conheci também outros blogs que daqui pra frente vão me fazer companhia. Obrigada Juliana!


missão:


I. indicar 8 características da nossa personalidade


Eu me defino assim:


1. Otimista


2. Reflexiva


3. Sonhadora


4. Exigente


5. Tenho dupla personalidade quando estou com sono


6. Gulosa


7. Sensivel


8. Curiosa


II. indicar 8 blogueiros

Gostaria de indicar os 8, mas sou nova neste mundo blog e tenho só 3 pra indicar, mas com muita convicção. O selinho vai para:

Sei que tem gente que não gosta de selinhos e se eu escolhi justamente você, não se intimide e fique à vontade em não querer publicá-lo.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O trânsito na Itália

O trânsito é uma coisa muito curiosa de se ver nas diferentes regiões do mundo, porque reflete a personalidade de um povo, seu modo de encarar a vida em sociedade, sua concepção de organização, de urbanização e de comportamento coletivo. Quando alguém chega na Itália com aquela idéia de que está vindo para um país, digamos, de primeiro mundo, muitas vezes se assusta com o trânsito daqui, que mais parece um trânsito de um outro mundo. Acho que é o resultado de uma combinação explosiva entre a personalidade do italiano que tende muito para a impulsividade, o gosto pela velocidade e uma certa resistência a obedecer regras. Olhando assim parece que estou me referindo a pessoas com baixo nível de civilidade, mas não é exatamente isso, é que o transito é um setor particular da sociedade italiana e não se deve generalizar.
Existem esforços no sentido de melhorar este comportamento. Os exames para a carteira de motorista sao rígidos, principalmente o exame teórico para o qual uma pessoa deve se preparar durante meses. Mil regras, sinais, artigos sobre segurança, tudo dentro dos padrões europeus, mas nas ruas, parece que a coisa nao funciona bem, embora em algumas cidades exista um maior respeito às regras.
Eu moro em uma cidade pequena (18mil habitantes) e já presenciei, na frente da minha casa, dois acidentes inacreditáveis, com capotagem e tudo. Não é raro ver um carro estacionado no meio da rua ou encontrar um estacionado atrás do seu carro impedindo a sua saída.
No caso dos pedestres, eu recomendaria muita atenção na hora de atravessar as ruas, e atravessar nas faixas de segurança, porque, assim, diminui o risco de serem atropelados (para ser sincera, diminui um pouco). Não ir atravessando quando o sinal para pedestres está no verde, porque, como diz o nome, o sinal é para pedestres e quem está dentro do carro não presta muita atenção, a menos que não seja um cruzamento, mas mesmo assim não é garantido que o veículo vá parar. É bom procurar fazer contato visual com o motorista para dar um pouco mais de segurança na hora de atravessar, mas ser for uma avenida com mais faixas de transito, é melhor se certificar de que o veículo da outra faixa também está atento. Se o motorista estiver falando no celular, é melhor deixar ele passar. Muitas vezes atravessei na faixa fazendo sinal de pare com a mão ( pode funcionar).

Se você está em dúvida se eu estou exagerando, dê uma olhadinha aqui neste vídeo e tire suas próprias conclusões...



Seus comentários são muito bem vindos!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A Itália e o fenômeno da imigração

A Itália que em um passado recente era um país que exportava mão de obra para a América, nas últimas décadas vem sentindo os efeitos da sua estabilização entre os maiores países produtores de riquezas do mundo, o que criou um movimento no sentido contrário, ou seja, a Itália passou a ser uma meta para os trabalhadores de todo o mundo e suas famílias.

A imigração na Itália se intensificou no período de 2004 a 2007 com a entrada de 12 novos países na União Européia, a maioria pertencentes à Europa do Leste. Muitos trabalhadores desses países aproveitaram-se do aumento da liberdade de circulação entre os países da União para procurar trabalho em regiões mais ricas, pois o nível econômico dos países do Leste Europeu é muito mais baixo, herança ainda dos antigos regimes que vigoraram ali até o início dos anos 90.
Para entender melhor este fenômeno, vamos fazer uma breve revisão do que é a União Européia. No ano de 1992, 12 países assinaram o Tratado de Maastricht ( Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Irlanda, Reino Unido, Dinamarca, Grécia, Espanha e Portugal) oficializando a entrada destes Estados nesta organização que é atípica, pois os países membros continuam a ter o seu próprio sistema de governo, de justiça e de legislação, mas submetidos a uma comissão comum que estabelece as diretrizes a serem seguidas por todos.

Um outro aspecto importante é a união econômica destes países na criação de um mercado comum. No ano de 2002 teve início a Zona Euro com a adesão inicial de 12 paìses e que hoje totaliza 16 Estados membros: Chipre, Malta, Eslováquia, Áustria, Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Portugal, Eslovênia e Espanha.
Em relação à questão do controle das fronteiras, os países membros da União criaram os acordos Schengen, que prevêem a livre circulação. A adesão é facultativa aos interesses de cada Estado e de 1995 a 2007 aderiram 21 países: França, Alemanha, Espanha, Portugal, Itália, Áustria, Grécia, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Islândia, Noruega, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, República Checa, Eslováquia, Hungria, Eslovênia e Malta ( o Reino Unido não aderiu à Zona Euro e nem aos acordos Schengen).

Dados recentes dizem que a União Européia tem a 3°. maior população mundo ( 494.988.486 habitantes), o sétimo maior território ( 4.326.253 km2), e o maior PIB ( $ 13.841 bilhões - $27.962 por habitante).

Até 2004 eram 15 os Estados membros ( os 12 iniciais mais Austria, Suécia e Finlândia que entraram em 1995), quando foram admitidos 10 novos países :Letônia, Lituânia, Estônia, Polônia, República Checa, Eslováquia, Hungria, Eslovênia, Malta e Chipre. Em 2007 entraram a Romênia e a Bulgária.

Com a adoção do Euro na Itália em 2002, ocorreram algumas mudanças internas que causaram desconforto à população, pois os preços das mercadorias e dos imóveis sofreram reajustes, mas os salários continuaram praticamente iguais. Mesmo com um custo de vida mais caro, os salários pagos na Itália atraíram muitos imigrantes, que muitas vezes, se submetem a condições de trabalho piores do que aquelas aceitas por trabalhadores italianos. Um dos setores que mais absorve mão de obra estrangeira é o da assistência ao idoso ( badante). Fontes oficiais declararam recentemente que sem a participação destes trabalhadores, a grande maioria do sexo feminino, o setor assistencial italiano poderia entrar em colapso, o que levou o governo a adotar medidas para facilitar a regularização desta categoria de trabalhadores imigrantes.

Em janeiro de 2008, segundo dados do "Istituto Nazionale di Statistica" 5,8% da população da Itália era composta por estrangeiros. Este é um índice baixo se comparado com a Espanha, que é um outro país de imigração recente e que tem um percentual de 11,3% de estrangeiros.

Um outro dado interessante é que o índice de nascimentos entre os estrangeiros é o dobro em relação aos nascimentos entre os cidadãos italianos, sendo que, em média, 20% da população estrangeira é composta por menores. Na Itália, a criança nascida de pais estrangeiros deve viver no território até os 18 anos para depois poder confirmar a sua cidadania italiana.

O índice de concessão de cidadania a estrangeiros é baixo se comparado a países como a França e a Inglaterra. Segundo dados do Departamento de Imigração, entre aqueles estrangeiros que têm os documentos de permanência, cerca de 630 mil já teriam o direito de requerer a cidadania italiana, por morarem regularmente no país há mais de 10 anos. No ano de 2007 apenas 45.485 estrangeiros conseguiram a cidadania. Grande parte dos pedidos de cidadania é feito por motivo de casamento, entre um italiano e uma estrangeira, por isso as mulheres têm tido uma ligeira vantagem numérica na concessão das cidadanias. Segundo a nova lei ( Pacchetto Sicurezza 2009), o cônjuge de cidadão italiano pode requerer a cidadania após 2 anos de matrimônio se o casal é residente na Itália ( este período pode ser reduzido para 1 ano se o casal tiver filhos).

Até o início de 2008 o número de estrangeiros no país era de 3.432.651 de um total de 59 milhões de habitantes. Considerando-se a proveniência, os estrangeiros se dividem assim:
- 24,43% - Europa Centro Oriental não pertencente à Uniao Europea ( quase a metade é composta por Albaneses);
- 22,6% - Países UE de nova adesão ( 80% é composta por romenos);
- 23,2% - Países africanos (65% de marroquinos);
- 8,55% - América ( 94% latino americanos, principalmente do Equador e Peru);
- 16,1% - Países asiáticos ( 50% de chineses ou filipinos);
- 5,12% - Outros países da Europa.

Os brasileiros não figuram entre os grupos de maior imigração e devido ao direito de consangüinidade, muitos já chegam com a cidadania italiana ou com os documentos para viabilizá-la em pouco tempo. Este é um processo muito mais rápido do que o enfrentado por estrangeiros não descendentes de italianos, pois é feito nos próprios municípios, com um tempo médio de espera de 3 a 6 meses.
Só no ano de 2007, houve um aumento de 0,8% do índice de estrangeiros na Itália, e, embora a média seja de pouco menos de 6% da população total, em algumas regiões a concentração é maior, chegando a quase 20% da população. A Lombardia é a região com maior número de estrangeiros (815.335), seguida pela Região do Veneto ( 403.985) e do Lazio ( 390.993).

A Região da Umbria, onde moro, tem 75.631 estrangeiros regularmente cadastrados, mas como não é muito densamente populada, a concentração se mantém na média italiana.

Diante deste quadro não é dificil deduzir que existe uma certa tensão em relação à integraçao de tantas culturas diferentes em um contexto cultural como o italiano que é fundamentalmente tradicionalista. Outro fator que aumenta a tensão, é a recente crise econômica e a perda de postos de trabalho, principalmente na indústria. Neste momento o operário estrangeiro é visto como um concorrente em um mercado saturado, que não consegue absorver nem mesmo a mão de obra italiana. Existem movimentos políticos que reforçam esta idéia e se utilizam disto para ganhar popularidade. Na verdade o trabalhador estrangeiro incrementa a economia do país e fornece recursos para o sistema previdanciário, recursos necessários em um país com tantos idosos aposentados.

Tudo isto contribui para dificultar a vida de quem chega de fora e quer encontrar um bom trabalho, mas existem certos setores onde faltam profissionais especializados, como na área de enfermagem e informática. Procurar qualificar-se profissionalmente para atender às necessidades do mercado é um bom caminho para adaptar-se a esse contexto e conquistar o próprio espaço.

Para informações mais detalhadas a respeito deste assunto, consultar o link: http://www.cestim.it/sezioni/dati_statistici/italia/ISTAT_RIASSUNTO_PRESENZA%20STRANIERI%20IN%20ITALIA%202008.pdf

Se você tem algo a acrescentar ou dúvidas, deixe seu recado!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Apoio aos italianos emigrados

Quando eu e meu marido decidimos vir morar na Itália, escolhemos um lugar muito simpático, mas distante dos locais de origem das nossas famílias, pois não tínhamos mais nenhum contato com parentes nessas regiões. O que nós desconhecíamos era que meu marido, sendo cidadão italiano e neto de um ex-residente do Veneto, poderia requerer junto a esta região uma ajuda para ali se estabelecer com sua família. Muito provavelmente, se soubéssemos desta possibilidade, a nossa decisão teria sido diferente.
A Itália é dividida em 20 regiões, 103 Províncias e 8100 Municípios. Cada Região tem uma lei que trata deste tema do apoio a pessoas ligadas à região que vivem no exterior, para estabelecer com eles uma relação que fortaleça os laços culturais no país onde vivem e também para oferecer apoio econômico relativo à assistência social no caso de repatriação.
As Leis Regionais se diferenciam umas das outras em vários quesitos, por isso, muitas vezes, o que acontece com um emigrado de determinada região não pode ser tomado como exemplo para outras localidades.
Vamos então analisar o que acontece em algumas regiões da Itália em relação a quem tem direito à ajuda:

Trento: emigrado de origem trentina por nascimento ou por residência que retorna a viver na região, seu cônjuge e descendentes que residiram no exterior por um período de no mínimo 2 anos, válido por até 2 anos da reaquisição da residência na Itália;

Umbria: emigrado de origem umbra por nascimento ou residência que retorna a viver na região, seu cônjuge e descendentes que residiram no exterior por um período mínimo de 3 anos,válido por 180 dias da data de chegada na Itália;

Veneto: emigrado de origem veneta por nascimento ou por residência mínima de três anos antes da expatriação, que retorna a viver na região, seu cônjuge e seus descendentes até a 3°. geração que residiram no exterior por no mínimo 5 anos;

Lombardia: emigrado de origem lombarda por nascimento ou residência que retorna a viver na região, seu cônjuge e descendentes que residiram no exterior por no mínimo 3 anos, válido por até dois anos do retorno;

Lazio: emigrado de origem laziale por nascimento ou residência que retorna a viver na região, seu cônjuge e descendentes em linha reta até o 3°. grau e em linha colateral até o 1°. grau que residiram no exterior por no mínimo 2 anos, válido por até três anos do retorno definitivo na Itália;

Campania: emigrado de origem campana por nascimento ou residência que retorna a viver na região e que trabalhou no exterior por 3 anos nos últimos 5 anos, seu cônjuge e filhos, válido por dois anos do retorno;

Toscana: emigrado de origem toscana por nascimento ou por residência que retorna a viver na região, seu cônjuge e descendentes de 1°. grau, que residiram no exterior por um mínimo de 5 anos;

Friuli-Venezia Giulia: emigrado de origem friulana por nascimento ou residência que retorna a viver na região, seu cônjuge e descendentes que residiram no exterior por no mínimo 5 anos, válido por 2 anos do retorno.

O que vale para todas essas regiões é que os pedidos devem ser encaminhados ao comune de residência dos interessados que os encaminhará aos responsáveis da região que efetuam a liberação das verbas anualmente.
Os cônjuges e descendentes para poderem fazer parte do pedido devem ser cidadãos italianos (mesmo aqueles nascidos no exterior, através do direito sanguíneo). Como no caso do Veneto que estende o direito até a 3°. geração, se o emigrado é falecido, um seu descendente pode fazer o requerimento.
Na maioria dos casos, é necessário comprovar que o emigrado exerceu alguma atividade lavorativa no exterior como dependente ou autônomo. Isso se faz através de documentação emitida pela Previdência Social do país onde o emigrado trabalhou e reconhecida pelo Consulado Italiano local.
Estão excluídos desses programas os dependentes do Estado, de Instituições Internacionais e de empresas italianas no exterior.
A ajuda oferecida pode abranger:
-Reembolso (integral ou parcial) dos valores gastos com passagens aéreas, e despesas iniciais de acomodação;
- Facilitação do acesso ao crédito imobiliário para compra de imóvel habitativo na região, desde que o requerente não tenha outras propriedades na Itália;
-Facilitação ao crédito para desenvolvimento de atividade profissional;
- Concessão de bolsas de estudo;
- Criação e manutenção de atividades associativas no exterior que promovam a cultura da região.
Mesmo para quem tem a cidadania italiana e vive no Brasil, seria interessante procurar entrar em contato essas associações, para conhecer melhor os programas voltados aos expatriados e obter maiores informações. Apesar de não ter sido beneficiada pessoalmente por estes programas de ajuda aos emigrados, eu conheço pessoas que conseguiram receber o auxílio, portanto posso afirmar que estes programas funcionam, ao menos aqui na região da Umbria.
Na sessão Leis Italianas deste blog, tem vários links com as leis regionais citadas nesta postagem.
Se você tem alguma experiência parecida ou quer falar mais sobre o assunto, deixe seu recado!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Viajando de trem na Itália

Viajar de trem pra mim era uma coisa que eu fazia na minha infância, na época do Natal, quando meu pai comprava as passagens na estação da Luz em São Paulo para irmos visitar os nossos parentes no interior. Bons tempos aqueles...Mais tarde passamos a ir de carro e acabaram-se as viagens de trem.

Transferindo-me para a Itália, voltei a usar esse meio de transporte e me transformei no que eles chamam aqui de "pendolare" que é o trabalhador que pega o trem todo santo dia. Agora eu posso dizer que me adaptei completamente ao funcionamento do sistema ferroviário daqui, mas no começo...Quanta confusão! Não que seja uma coisa difícil, mas precisa pegar o jeitinho.
Uma coisa que a pessoa deve prestar atenção, principalmente nas grandes estações, é em qual "binario" ( plataforma) deve embarcar, porque não é uma informação que vem escrita no bilhete de embarque . Não tem nada a ver com pegar ônibus na rodoviária no Brasil, onde o funcionário da bilheteria já informa a plataforma de embarque. As pessoas podem se perguntar: -Mas por que não vem escrito? Não é só pra complicar, é que, excluindo-se os bilhetes que vêm com a data e orário marcados e que são para trens menos comuns, a maioria dos bilhetes tem validade de 60 dias. Então, dentro deste prazo, pode-se escolher qualquer trem daquela categoria que vá ao destino escolhido. Se a pessoa não é prática no assunto, para saber qual é o "binario" certo, eu recomendo o seguinte:

-Evite as máquinas self service e compre o bilhete no guichê. Pergunte ao funcionário qual é o próximo trem que pára na cidade de destino. ( Por exemplo: Quall'è il prossimo treno che si ferma a Perugia?). O funcionário vai te responder: é o trem que vai a Firenze das 13:50 ( è il treno che va a Firenze delle 13:50). Com esta informação, procure um painel onde está o elenco das próximas partidas como nos aeroportos. No caso de estações pequenas, são televisões penduradas na parede. Procure por Firenze 13:50 e verá que entre as informações estarà: Bin. 5.
-Atenção aos itinerários combinados, ou seja, aqueles em que se deve descer em uma estação no meio da viagem e mudar de trem. Por exemplo, partindo de Roma para chegar a Perugia se pega um trem que vai para Ancona. Quando ele pára em Foligno, no meio do caminho, o passageiro deve descer na estação e informar-se sobre o próximo trem que pára em Perugia e qual é o "binario". Normalmente tem um "capo stazione" com o uniforme da Trenitalia na plataforma e se estiver de bom humor, pode lhe responder ali mesmo. Isto pode fazer a pessoa evitar de ficar andando pra cima e pra baixo com bagagens, pois em algumas estações o acesso às plataformas são escadas (não rolantes) que passam por baixo dos trilhos.

Outra coisa importante é estar atento a mudanças de plataforma. Neste caso é preciso prestar atenção ao serviço de comunicação da estação que avisa através dos altofalantes. Normalmente é assim: "Il treno numero 445 di Trenitalia delle ore 8:27 (horário em que o trem deve partir daquela estação) proveniente da Roma Termini e diretto a Firenze Santa Maria Novella ( cidade e nome da estação de partida e de chegada) deve arrivare al binario 5 invece che al binario 4." Eles repetem isso duas vezes. Caso esteja ainda próximo a um painel, o passageiro pode conferir se entendeu direito, mas se já estiver no "Binario" e a mudança foi em cima da hora, é melhor perguntar a um dos outros passageiros e seguir o fluxo, pois o trem permanece parado na estação por pouco tempo.

Em caso de atraso eles avisam do mesmo modo, e começa assim: "Annuncio ritardo!Annuncio ritardo! Il treno numero... "Por isso sempre é bom saber o número do trem que se deve pegar. Os bilhetes dos trens tipo Intercity ou Eurostar vêm com várias informações: data, hora ( de partida e de chegada), classe, numero do trem, vagão (carrozza), lugar (posto), se é corredor(mediano) ou janelinha(finestrino). No caso dos bilhetes mais comuns, deve-se procurar o número no painel de acordo com o destino final do trem e a hora de partida.






Este é um bilhete Inter City de Milano a Assisi, emitido no guichê

Agora preste muita atenção porque isto é importantìssimo!!! Fazer a convalidação do bilhete sempre. Antes de embarcar, espalhadas pelas plataformas estão as máquinas que timbram a data, a hora e a estação. Durante a viagem os "controllori" passam para conferir e as multas para irregularidades podem ser de 30 a mais de 100 euros, o que é chatíssimo! Para fazer, basta inserir o bilhete na abertura empurrando-o para a esquerda e para o fundo. Ela faz um barulhinho, e pronto! Falando com um "controllore" para saber em que caso não é necessário timbrar, ele me respondeu que é melhor timbrar sempre, mesmo trocando de trem, cada vez que subir e descer em uma nova plataforma, porque ter timbres a mais no bilhete não dá problema, o que não pode ter é timbres a menos.


Este é um bilhete emitido pela máquina self service, de ida e volta, com o timbre das duas estações

As máquinas self service em geral funcionam bem e são bem simples de usar, basta ir clicando para escolher o destino, inserir o dinheiro ou carta de crédito, e sai impresso o bilhete. Algumas têm um valor limite para devolver o troco, por isso eu não aconselho a usar notas de valor muito mais alto que o preço do bilhete.

Outra coisa que eu recomendo em caso de viagens a cidades pequenas é informar-se, antes de comprar o bilhete, sobre a localização da estação de destino, pois existem estações que levam o nome da cidade, mas que ficam no meio do nada. Uma vez eu desembarquei no meio de um milharal e como não tinha ônibus e também não passava ninguém, caminhei por quase duas horas... Que mico!

Para saber sobre orários e percursos, entre no site da "Ferrovie dello Stato": http://www.trenitalia.com/homepage.html

Espero que estas informações sejam úteis, se tiver dúvidas ou algo a acrescentar, deixe o seu recado!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Lista de compras

Muita gente se pergunta quanto custaria para se manter fora do Brasil. Alguns por pura curiosidade e outros por estar fazendo planos de viagem.Eu, que moro na região da Umbria na Itália, fiz uma pesquisa aqui perto da minha casa, em um supermercado da rede Penny Market, que é uma das mais baratas.Vamos à lista (todos os preços estão em euro):

Chocolate em pó Nesquik 1kg 4,29 ;Corn Flakes 750 g 1,45 ; Margarina 250 g 0,99 ;Café 250g 2,41 ;
Geléia de fruta 450 g 1,15 ;Biscoito marca Barilla 1 kg 3,71 ; Pão italiano 1 kg 1,45 ;Pão de forma 400 g 0,79 ;
Iogurte 1 kg 2,27 ;Manteiga 250 g 1,25 ;Leite longa vida integral 1 l 0,55 ;Suco de fruta 1 l 0,66 ;

Abobrinha 1 kg 0,89 ;Alface 1kg 1,25 ;Batata 1 kg 0,66 ;Cebola 1 kg 0,79;
Cenoura 1 kg 0,79 ;Banana 1kg 0,99 ;Maça 1 kg 1,29 ;Laranja 1 kg 1,26;
Melão 1kg 0,85 ;Uva Itália 1 kg 1,49 ;Tomate 1 kg 1,35;

Creme dental Colgate whitening 75 ml 2,19 ;Gel para barba Gillette 200ml 2,35; Sabonete Dove 100g 0,95 ;Sabonete 2 unid 0,61 ;
Shampoo L'Oreal 400 ml 3,99 ;Desodorante Dove 150 ml 2,49 ;Creme Nivea 75 ml 1,15 ;Aparelho para barbear descartàvel 10 unid 0,99 ;
Amaciante de roupas 1l 2,52 ;Detergente para louças 1l 1,59 ;Papel higiénico 8 rolos 1,89 ;Sabão em pó Ace 3kg 7,99 ;

Contra filé 1 kg 11,5 ;Hamburger 1kg 4,94 ;Salsicha 1 kg 5,53 ;Coxa de frango 2,51 ;
Presunto cozido 1 kg 7,61 ;Salame toscana 1 kg 9,55 ;Filé de merluza congelado 1 kg 4,99 ;Atum em lata 160 g 0,99 ;
Sardinha em lata 125 g 0,45 ;

Açúcar 1kg 0,79 ;Arroz 1 Kg 1,15 ;Macarrão Barilla 1 Kg 1,45 ;Molho de tomate 1 kg 1,29 ;
Milho em lata 285 g 0,55 ;Ovos 10 unid 0,99 ;Pizza congelada 1 kg 3,89 ;Sal refinado 1 kg 0,11 ;
Feijão 1 kg 1,51 ;Azeitona verde sem caroço 250 g 1,29 ;Adoçante 126 g 0,89 ;Creme de leite 200 ml 0,45 ;
Óleo de oliva extra virgem 1 l 2,89 ;Mozzarella fresca 1 kg 4,81 ;Vinagre de vinho tinto 1 l 0,55 ;Sorvete de pote 1 kg 3,74 ; Quanto aos vinhos, pode-se encontrar marcas de ótima qualidade por um preço muito acessível, entre 3 e 7 euros.


Saindo das redes de supermercados, é interessante conhecer as feiras semanais onde se encontra de tudo... Sapatos, roupas, quinquilharias, casacos de pele, lanches de porco assado e excelentes queijos .


Para os queijos "stagionati" como o famoso Parmigiano Reggiano, dependendo do tempo de stagionatura e da marca, varia o preço entre 11 e 17 euros o quilo. Alguns, mais especiais, ultrapassam os 25 euros.

AIRE: o que significa

Você sabe o que é o AIRE?
A sigla AIRE significa Anagrafe degli italiani residenti all’estero ou cadastro dos italianos que têm residência fixa no exterior.Esse cadastro permite que se programe de modo mais racional as intervenções do Governo Italiano a favor da comunidade de italianos residentes no exterior e também permite o exercício de voto no exterior.
Graças à lei 459 de 27/12/2001, aprovada pelo Parlamento e sancionada pelo Senado Italiano, o cidadão italiano nascido ou não na Itália, residente no exterior, tem o mesmo direito de voto dos que vivem em território Italiano.Porém, para ter esse direito, a pessoa deverá estar inscrita ou ter seus dados atualizados no AIRE.
Todo o processo eleitoral para os italianos residentes no exterior é realizado por correspondência e o AIRE é o mecanismo que norteia os trabalhos dos consulados.Para informações sobre os procedimentos para inscrever-se no AIRE os interessados poderão contatar o Consulado Italiano da circunscrição a que pertencem.
A relação dos Consulados poderá ser obtida no site www.ambbrasilia.esteri.it.

Fonte: Unione Italiana del Lavoro- UIL-Brasil.

Para completar, é importante salientar que o brasileiro que obteve a cidadania italiana diretamente na Itália e decidiu retornar ao Brasil deve atualizar seus dados junto ao AIRE do consulado italiano correspondente ao seu endereço de residência. O requerente tem 90 dias de prazo para isso. Para a Itália é indispensável que o cidadão informe as autoridades sobre a própria residência, pois todos os possíveis benefícios ou serviços consulares aos quais a pessoa tem direito partem desta informação.



Legalização de documentos em São Paulo

Para as pessoas que pretendem vir à Itália para dar entrada no processo de reconhecimento da cidadania italiana por descendência ( jure sanguinis) é importante saber que todos os documentos emitidos no Brasil devem passar pela autoridade consular italiana para receber os selos e carimbos que certificam a autenticidade dos mesmos. Isso deve ser feito na representação consular que corresponde à região onde mora o requerente, que deve apresentar, no momento da entrega dos documentos, um comprovante de residência.

Devido à grande procura por este serviço, cada consulado adotou medidas para restringir a entrada de novos pedidos. Para saber precisamente o que fazer, é melhor procurar informações diretamente no consulado onde será feita a legalização. Uma coisa que é válida para todos é que todos os documentos a serem entregues para legalização devem ser traduzidos por um tradutor juramentado pertencente àquela circunscrição consular. As certidões de casamento de pessoas em vida são aquelas para as quais existe maior exigência de serem emitidas recentemente, pois são suscetíveis a mudanças, mas é sempre bom informar-se junto aos consulados sobre o prazo de validade das certidões.

Uma das medidas adotadas pelo Consulado de São Paulo diz respeito à obrigatoriedade do requerente apresentar-se pessoalmente para entregar os documentos, e, no caso de impedimento, autorizar um parente próximo por meio de procuração. Isso para evitar a ação de intermediários.

Segue um texto mais detalhado extraído do site do Consulado de São Paulo:

O Consulado recebe exclusivamente mediante agendamento os pedidos de legalização de certidões de registro civil para fins de reconhecimento da cidadania italiana para as pessoas que se dirigem diretamente às Prefeituras italianas de residência ou junto aos Consulados italianos em cuja jurisdição estejam residindo legalmente. Os pedidos de agendamento podem ser efetuados através do link apropriado na seção “Serviços ao Usuário” – “Agendar Atendimento”. Para obter um agendamento e na ocasião da apresentação dos documentos solicitamos observar quanto segue:


-O pedido de agendamento deve ser feito exclusivamente pelo e em nome do interessado (ou seja, o usuário final da documentação) que deverá se apresentar na data fixada para a entrega da documentação junto ao setor URP do Consulado;

-Cada solicitação deve corresponder à entrega de documentos de uma só pessoa, ou seja, o agendamento é individual e NÃO vale para demais familiares da pessoa agendada; caso o agendado não possa comparecer no dia/hora fixados poderá delegar formalmente um parente próximo para a apresentação dos documentos (que deverá mostrar o original da Procuração na data marcada);


-O agendamento destina-se tão somente ao serviço solicitado (“legalização de documentos”) e não será considerado válido para nenhum outro serviço consular;

-Serão legalizadas exclusivamente certidões apresentadas em original, recentes e com firma reconhecida pelo ERESP em São Paulo – Capital, anexando um comprovante idôneo de endereço, original e recente, em nome do interessado (Lembramos que as traduções podem ser feitas também na Itália);


-Aconselhamos que as certidões sejam apresentadas no formato “inteiro teor”.


-Caso as certidões de registro civil contenham erros, ou os dados (nome e sobrenome) do ascendente italiano tenham sido alterados com o passar do tempo, não se deve solicitar a retificação desses registros junto à Justiça brasileira. Entretanto, se nas certidões de registro civil da mesma pessoa existe divergência no nome ou no sobrenome (ex. nascimento Evelina, casamento Eveline; nascimento Rossi, óbito Rozzi), ou ainda nas datas (ex. na certidão de nascimento e de casamento da mesma pessoa aparecem diferentes datas de nascimento) os registros deverão ser uniformizados com os dados corretos. Caso as alterações constantes na documentação suscitarem dúvidas quanto a identidade da pessoa, o Comune poderá solicitar documentação complementar.

A entrada nas dependências do Consulado será permitida mediante apresentação do e-mail de convocação e documento de identidade original válido (RG ou RNE) em nome do interessado e/ou de seu Procurador.

Em consideração do elevado número de pedidos para este serviço, agradecemos que sejam evitados ao máximo pedidos para antecipar ou remarcar agendamentos.
São Paulo, julho 2009.
O Cônsul Geral Min. Marco Marsilli.

Para mais informações, consultar o site: http://www.conssanpaolo.esteri.it/Consolato_SanPaolo/

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Novo passaporte brasileiro

ATENÇÃO – NOVO PASSAPORTE BRASILEIRO Desde 20 de julho de 2009, o Consulado-Geral do Brasil em Roma passou a emitir o novo passaporte brasileiro. Trata-se do modelo biométrico (com código de barras e sistema de identificação e segurança aprimorados), de capa azul e emitido pelos países do MERCOSUL. Para solicitar o novo passaporte, a cidadã ou o cidadão brasileiro deve comparecer PESSOALMENTE ao Consulado-Geral do Brasil em Roma para que sejam colhidas as suas impressões digitais. Antes, porém, a cidadã ou o cidadão brasileiro
1.deve preencher o formulário de pedido de passaporte pela internet (on line), no sítio https://scedv.serpro.gov.br/frscedv/index.jsp
2.imprimir o requerimento que contém o número do protocolo.Ao comparecer à repartição consular, a cidadã ou o cidadão brasileiro deve apresentar os documentos indicados na informação abaixo. Se quiser, a cidadã ou o cidadão brasileiro pode trazer uma foto, em qualquer tamanho; mas, se preferir, pode fazer a foto digital no próprio Consulado, sem aumento de custo.

A cidadã ou o cidadão brasileiro que seja portador do passaporte do modelo antigo, mesmo que ainda válido, pode, a qualquer momento, solicitar o novo passaporte biométrico. O passaporte biométrico custa € 80 (oitenta euros). Em caso de passaporte roubado, danificado ou extraviado o custo do passaporte é de € 160 (cento e sessenta euros). As CRIANÇAS até 12 anos NÃO PRECISAM COMPARECER PESSOALMENTE para fazer o passaporte biométrico. As solicitações de passaporte biométrico para as crianças podem ser apresentadas pelos pais, que deverão, nesse caso, trazer uma foto, em qualquer tamanho, da criança. Permanecem válidos até o seu prazo de validade, todos os passaportes emitidos ainda conforme o modelo antigo.
QUAIS AS VANTAGENS DO PASSAPORTE BIOMÉTRICO?- Maior segurança e facilidade para trânsito nos aeroportos internacionais.- Registro de informações pessoais em um banco de dados sob a responsabilidade do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty), que permitirá à cidadã ou ao cidadão brasileiro solicitar a emissão de documentos e novo passaporte sem a necessidade de apresentar novamente toda a documentação. Por exemplo, se a cidadã ou o cidadão brasileiro emite um passaporte biométrico no Consulado em Roma e depois, em viagem a Madri, perde o seu passaporte ou é roubado de todos os seus documentos, essa cidadã ou cidadão brasileiro pode ir ao Consulado-Geral do Brasil em Madri e solicitar um novo passaporte biométrico sem apresentar nenhum documento. Mais ainda, essa cidadã ou cidadão brasileiro poderá sair do Consulado-Geral em Madri com cópias autenticadas de todos os documentos que apresentou em Roma para fazer seu primeiro passaporte biométrico.
FAÇA SEU PASSAPORTE BIOMÉTRICO, MAS NÃO SE ESQUEÇA DE JÁ LEVAR O REQUERIMENTO FEITO PELA INTERNET.
Excepcionalmente, a pedido da(o) interessada(o), o Consulado-Geral do Brasil em Roma pode ainda emitir os passaportes no modelo antigo, ao custo anterior de € 30 (trinta euros) ou € 60 (sessenta euros) para os passaportes emitidos em substituição aos passaportes roubados ou extraviados.

Para saber mais, visite o link: http://www.consbrasroma.it/passaporte/passaporte.html

Fonte: Consulado Geral do Brasil em Roma

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Coração ítalo-brasileiro


Stephanie Lolli, uma simpática paulistana de 17 anos, que vive na Itália com os pais desde 2004, nos conta como foi a sua mudança para um outro país e como foi seu processo de adaptação.
Macarrão todo dia - Quando seus pais decidiram se transferir para a Itália, qual foi a sua reação?
Stephanie– A primeira reação foi de surpresa. Eu levei um susto. Não fiquei muito ansiosa de vir pra cá porque eu ia ter que deixar todos os meus amigos da escola e não sabia nem falar italiano, mas quando a gente chegou aqui a coisa deu uma melhoradinha. No começo, quando eu contei para as pessoas que eu conhecia que estava indo embora do Brasil, todos ficaram surpresos, alguns perguntavam o que é que eu ia fazer na Itália, que era melhor ficar onde eu estava, e outros diziam que ia ser legal.
Macarrão todo dia – Você já tinha vindo alguma vez pra Itália, como foi essa sua transferência?
Stephanie – Eu nunca tinha vindo pra cá, mas meu pai já tinha vindo várias vezes, desde quando ele era pequeno, porque tinha alguns parentes aqui. Então, quando ele falou que era melhor a gente vir pra cá, eu confiei nele (risos), não tinha outra escolha. Eu tinha 12 anos e estava fazendo a 6°. série no Brasil. Como a gente veio em julho, eu estudei até a metade do ano. Quando eu cheguei aqui era o período das férias, então eu fiquei até setembro aqui em casa, fazendo nada.
Macarrão todo dia – Qual foi a sua primeira impressão chegando aqui na cidade em que você mora?
Stephanie – Quando eu cheguei em Bastia, eu achei um tédio total. Eu estava acostumada com São Paulo, e aqui não tinha muita gente na rua, só uns velhinhos andando de bicicleta, então eu achei meio ruim no começo. Mas quando iniciou a escola eu comecei a fazer as amizades e melhorou bastante.
Macarrão todo dia – Em relação à escola, você começou aqui em que ano? Como foi seu primeiro dia de aula?
Stephanie – Era 2004 e eu comecei o primeiro ano da escola média. O meu primeiro dia de aula foi assustador (risos), porque eu não sabia falar. Meu pai falava bem, então ele me acompanhou na escola e conversou com a professora. Eu conheci 6 professores diferentes e a primeira aula foi de matemática...Ela explicou algumas coisas e eu não entendi nada(risos). Era uma escola nova pra todo mundo da minha classe e a gente se apresentou na frente dos alunos de 3°. ano que fizeram um tipo de recepção. Eu fiquei morrendo de vergonha, mas as professoras foram bem legais comigo. Durante todo o primeiro ano eu tive uma professora de reforço, para mim e para outros colegas estrangeiros . Já no começo dava pra entender alguma coisa, porque meu pai às vezes,mesmo lá no Brasil, falava com a gente em italiano.Depois de dois ou três meses já dava pra entender legal, só que eu falava meio estranho ainda. Quando as pessoas falavam muito rápido comigo eu não conseguia acompanhar e a maioria falava em dialeto, mas os professores diziam sempre para falarem comigo em italiano e devagar pra eu poder aprender direito. Eu tenho boas lembranças desse tempo.
Macarrão todo dia – Hoje, qual escola você faz?
Stephanie– Hoje eu estou fazendo o Instituto Técnico do Estado no setor comercial e turístico. O curso tem 5 anos e eu vou começar o 3°. Tem a opção de parar no 3°. ano porque você pode fazer um exame , pegar o diploma e já começar a trabalhar, mas eu decidi fazer os cinco anos.
Macarrão todo dia – Quando você morava no Brasil, tinha uma idéia formada do que gostaria de fazer no futuro?
Stephanie – Quando eu morava no Brasil, até os doze anos, eu tinha a idéia de ser veterinária. Aí eu cheguei aqui e mudei de idéia, quis ser esteticista e agora eu estou meio perdida (risos). Já nao sei se quero ser esteticista ou então...não faço nem idéia.
Macarrão todo dia – Além do seu amadurecimento natural, você acha que o fato de estar morando na Itália contribuiu decisivamente para esta mudança de opinião?
Stephanie– Eu acho que sim, porque no Brasil existe aquela idéia de que a pessoa deve estudar, fazer a universidade pra ser alguém na vida, aqui já é uma outra coisa porque ninguém tem muita vontade de estudar, ninguém está muito afim de fazer a universidade, só alguns poucos. Isso porque aqui mesmo quem não faz a universidade consegue achar um emprego, ou senão tem os pais que ajudam a ter um negócio. Aqui não tem muito dessa vontade de querer fazer as coisas sozinho e chegar lá. Não tem muita diferença de salário entre quem tem um diploma universitário e quem tem um diploma técnico.
Macarrão todo dia – Você tem cidadania italiana, é neta de italianos, mas se sente italiana?
Stephanie – Não, eu sempre falo que sou brasileira, eu nunca falo que sou italiana. Me sinto muito mais brasileira porque eu passei toda a minha infância no Brasil.
Macarrão todo dia – Você acha que aqui o fato de ter vindo do Brasil é um fator positivo ou é um problema a ser superado?
Stephanie – Eu acho que aqui na Itália os estrangeiros são vistos de um modo um pouco diferente. Como tem muito estrangeiro vivendo aqui os italianos criam uma certa distância. Comigo nunca falaram nada, sempre fui bem aceita, mas depende, porque tem muitos estrangeiros que fazem bagunça, coisas erradas e os italianos generalizam bastante. Eu tenho também a minha visão crítica do comportamento dos jovens daqui e vejo que não é a origem da pessoa que define tudo. Existe também uma diferença de adaptação dependendo da idade que a pessoa tem quando chega. Minha irmã menor que chegou na Itália com 6 anos, foi alfabetizada aqui e quase não tinha uma vida social no Brasil, praticamente não sentiu a mudança como eu, foi mais fácil pra ela.
Macarrão todo dia – Você voltou para o Brasil neste período? Qual foi a sua impressão? Você voltaria a morar lá?
Stephanie - Sim, voltei em novembro de 2008 e passei 20 dias por lá. Eu adorei ter voltado pra São Paulo, estava morrendo de saudades dos lugares, das comidas, do pessoal e até do trânsito. Eu acho que não mudou muito, é aquela bagunça de sempre, não foi nenhum choque. Penso que eu voltaria a morar lá.
Macarrão todo dia – Você tem planos para o seu futuro na Itália? O fato de pertencer à Uniao Européia tem alguma influência nos seus planos?
Stephanie – Eu penso em terminar os estudos e começar a trabalhar. Estudo inglês e faço também francês na escola, isto somado ao português que eu já falo pode me abrir portas para encontrar um bom trabalho, mas não penso em morar em outro país da Europa.
Macarrão todo dia – Quais são as coisas que você gosta da Itália e quais as que você não gosta?
Stephanie – De um modo geral eu gosto muito daqui, mas o que eu gostaria que fosse diferente é essa coisa do preconceito com os estrangeiros. Tudo bem,tem aqueles que são bonzinhos, que fazem tudo direito, e aqueles que só fazem bagunça, e seria melhor se as pessoas pudessem ser reconhecidas por aquilo que elas são de verdade.
Macarrão todo dia – Você daria algum conselho aos pais que pensam em se mudar para o exterior com a família?
Stephanie – Eu acho que se eles querem mudar de país pra ter uma vida melhor e dar uma oportunidade para os filhos, devem ir mesmo. No Brasil, se você não tem um emprego muito bom , não consegue viver bem e em um país como a Itália, isso já é possível. Vale a pena a mudança, no entanto a gente acostuma mesmo (risos)!